Quando eu era mais novo, e já havia Portela, ia-se de barco para o Brasil, como, grosso modo, se ia para África. Não me recordo se podíamos ir directos para os «states» em barcos portugueses ou como é que se faria. Os americanos também vinham de barco. Foi a guerra que melhorou os aviões. Mesmo assim durante muito tempo para mudar de continente pelo ar era preciso passar por Santa Maria. Por cá existiam duas companhias de transporte marítimo. Uma Nacional, outra Colonial. Vejam lá se adivinham qual era a que ia para África e a que ia para outros destinos. Mas, mesmo antes da Portela, já se andava de avião. Sei porque o senhor Gago Coutinho foi ao Brasil, com Sacadura Cabral, se não estou em erro. Foram de hidro, que emergia da água. Ele era dado a devaneios. Depois do Brasil teve um fraco pela Beatriz Costa, cuja dita não deixou, por isso, de ir ao Brasil de barco.
Nem sei se houve discussão sobre o aeroporto ser na Portela ou se alguém preferia a Malveira. Quando foi feito, o «senhor dos aneis», que havia nesse tempo, não costumava discutir nem com jornalistas, nem com o comum dos mortais. Mandava fazer. E fazia-se.
E quando o patrão Adolfo começou a fazer a união europeia dele, já tinhamos aeroporto. E, como já expliquei, continuou a ir-se de barco, tudo que fosse para além do jardim da Estrela. Avião demorou o seu tempo até tornar-se meio de transporte. A parte chata com os navios é que só andavam na água e nunca alguém se lembrou de lhe pôr umas rodas! O aeroporto dos barcos era o Cais de Alcântara e a alternativa o da Rocha de Conde de Óbidos. O Terreiro do Paço e o Cais do Sodré só davam para Cacilhas. De Belém, além de papar pasteis, podia-se ir para a Trafaria, com os calções de banho enrolados na toalha.
E de Santa Apolónia sabia-se pouco. A estação da ordem era a do Rossio, com o túnel em fundo, repleto de fumarada.
Nem sei se houve discussão sobre o aeroporto ser na Portela ou se alguém preferia a Malveira. Quando foi feito, o «senhor dos aneis», que havia nesse tempo, não costumava discutir nem com jornalistas, nem com o comum dos mortais. Mandava fazer. E fazia-se.
E quando o patrão Adolfo começou a fazer a união europeia dele, já tinhamos aeroporto. E, como já expliquei, continuou a ir-se de barco, tudo que fosse para além do jardim da Estrela. Avião demorou o seu tempo até tornar-se meio de transporte. A parte chata com os navios é que só andavam na água e nunca alguém se lembrou de lhe pôr umas rodas! O aeroporto dos barcos era o Cais de Alcântara e a alternativa o da Rocha de Conde de Óbidos. O Terreiro do Paço e o Cais do Sodré só davam para Cacilhas. De Belém, além de papar pasteis, podia-se ir para a Trafaria, com os calções de banho enrolados na toalha.
E de Santa Apolónia sabia-se pouco. A estação da ordem era a do Rossio, com o túnel em fundo, repleto de fumarada.
Nos anos trinta, sei eu, já havia linha de Sintra. Via-os passar por Queluz, onde morava à beira da estação. Como por lá passavam também comboios para o Porto.
O marquês de Pombal, que teve de reconstruir a Lisboa que o terramoto destroçou, deve ter ficado passado quando lhe contaram que Lisboa estava cheia de eléctricos, tão eléctricos tão, que nem precisavam mais de cavalos para os puxar. Nem deve ter acreditado!Nem sei como fizeram, mas como eram ingleses faziam e tomaram bem conta do que fizeram até que, a dada altura, mijaram fora do penico e o artista da calçada da Estrela pô-los a mexer daqui.Também os telefones eram ingleses e deixariam de o ser pelo mesmo motivo, o dos ingleses serem pacifistas com as guerras dos outros.
No pós guerra o automóvel surgiu de rompante e com ele as auto-estradas e o desleixo pelos comboios. Os aviões engrossaram de tamanho e de número. O retorno ao comboio começou a brotar com os comboios velozes do Japão. Uma parte da Europa começou a reconsiderar. E a França avançou com o TGV.
O problema com os comboios de alta velocidade é o de serem outros comboios a exigir outras linhas. Comboios seria fácil: bastava deixar entrar, que eles depois saíam. São precisas outras linhas, as nossas já estão gastas. E as linhas é que custam os olhos da cara. Quando foi da Feira de Sevilha, os espanhóis avançaram com a linha Madrid-Sevilha, para alta velocidade. Na altura
acharam por bem travar. Os riscos em Espanha eram e continuam a ser levados em linha de conta e o comboio começou por ir menos depressa do que podia!Não se pode evitar tudo, mas faz-se um esforço. E o esforço em prosseguir está de volta. Não se vislumbram muitas alternativas: ou abrir a porta ou marcar passo. Nem esqueçam que tempo é dinheiro...
Quando se coloca a questão do preço deve ter-se em conta a qualidade do serviço que se deseja.
É a linha em condições que permite um bom serviço e atrai consumidores.
Se já houvesse tgv no tempo do primeiro dos afonsos ele teria decerto chegado mais depressa a Lisboa, mas talvez deixasse pelo caminho, para os moiros, a Ota, a Universidade coninbriceira e a fabriqueta socrática de queimar o ferro velho...
Pena é que não se possa construir o aeroporto em Virtudes, onde até já passa o comboio. Imaginem o aeroporto de Virtudes. Poder-se chegar ao topo do mundo como gente de Virtudes.
haverá preço para um aertoporto destes?
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