quarta-feira, junho 06, 2007

NÃO É POR MUITO ARGUIR/ QUE AMANHECE MAIS CEDO

Parece que não quer dizer nada. Acusar não é condenar. O «barão da droga» foi arguido, fugitivo, acusado, julgado, condenado, recorrido, rejulgado e absolvido!
Talvez acabe por ter uma estátua, ou por comprar a Telecom e acumule com o Expresso, se entretanto o fumo não lhe der cabo dos pulmões.
É, afinal, uma lufada de ar fresco ser-se arguido e presidir-se à câmara de Paio Pires,de Fornos de Algodres ou dos Mártires da Pátria.
A gaita é que não tem importância mas chateia. O comum das criaturas pensa mal da condição arguida.Incomoda os senhores,ainda que os não iniba de se recandidatarem, a Lisboa,por exemplo!
Ora bem: a questão não é, nem deve ser, saber o que fazer de um arguido ou qual deve ser o comportamento do vilipendiado, porque em boa e honesta verdade «arguido» é um adjectivo do caraças!
A palavra não tem o cunho que se lhe atribui, dizem os manda-chuvas. Nesse caso devia
sacudir-se do léxico, excluí-la. Em vez disso o senhor Procurador preconiza arranjar outro termo. Se não fosse o senhor Procurador ser o procurador que é atraver-me-ia a afirmar que isso é disparate. Quando um meu vizinho do segundo esquerdo, que é distraído que se farta, me perguntasse o que é isso de ser «testemunha qualificada»?, eu, que sou burro, dir-lhe-ia: "é um arguido"! Para ele completar:"Ah!tou a ver"!!!
O problema é outro e é profundo, maquiavélico, diria melhor.A diferença entre ser um xui ou um magistrado a qualificar um cidadão de arguido não é nenhuma se...
As coisas continuarem como são! O que lixa o sistema é o próprio sistema ser criminoso.Acusar alguém de isto ou aquilo e demorar dois, três ou mais anos a proferir uma acusação ou a julgar a causa é lixado, absurdo, doentio. Classificar alguém de suspeito, arguido ou testemunha qualificada deverá, isso sim, implicar julgamento imediato.
Não faz sentido causticar o autarca de Oeiras ou os de outras câmaras e os processos não andarem para a frente. Não faz sentido andar, agora, a perguntar as horas a João Soares, quando o relógio dele é já outro. A madame de Felgueiras não fugiu por ser arguida, baldou-se foi quando a avisaram de que iria ser detida. Os amigos são para as ocasiões e um «amigo» daqueles bem podia ter sido arguido de qualquer coisa, mas até as criaturas com poderes para arguir o próximo fazem por esquecer...

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