sexta-feira, dezembro 02, 2005

ABAIXO DE TUDO

Ainda há dias me insurgi contra a forma displicente como a magistratura encara os devaneios da justiça e as trapalhadas que saiem dos tribunais. Achei excessivo que dois condenados por crime de homicídio a penas superiores a 20 anos tivessem sido libertados devido a irresponsabilidade do tribunal de recurso.
Hoje vi a manchete de um matutino de Lisboa a salientar que apenas meia dúzia, entre quase centena e meia de juizos cíveis em Portugal «são considerados eficientes». Não faço ideia se o sr. Cavaco ou o sr. Soares vão perder algum tempo a comentar isto, nem espero que o sr. ministro do pelouro perca tempo com isto. Mas li pior numa das páginas do jornal. Um processo por assédio, com violência e ameaças de morte, já com cinco anos de instrução, foi deitado no caixote do lixo. A explicação «é de que foi por engano e por uma brasileira, que trabalha para uma empresa que faz limpeza no tribunal». O processo estaria perto do caixote do lixo e a expedita limpadeira despejou-o no caixote e ala com ele, que se faz tarde. Creio que a cuja dita do Brasil teria toda a razão para ser asseada, «aquilo» ou era lixo ou porcaria e com cinco anos de pó até devia cheirar mal. O problema de resto parece ser esse: os tribunais, palácios de justiça e similares estão repletos de excelências excelentissimas a fazer o que faziam dantes os burros na nora: andar à roda, à roda, sempre as voltas, sem sair do mesmo sítio. Mas, ao menos esses, traziam a água à tona. Na Justiça, não, quase nada aparece à tona e nem já o «apito dourado» se consegue ouvir. Atafulha-se pelas gavetas e um dia destes vão aparecer à mão de semear para acabarem na chaminé de uma qualquer cimenteira...

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