Vão e vêm quando lhes apraz e pelo caminho vão deixando muito da bagagem que levaram. Falo de ministros, de líderes ou presidentes, que não aguentaram a obscuridade da rectaguarda e voltam à boca de cena, plenos de revigorada aptidão. Guterres e Durão Barroso sairam, cada um deles, pelo seu pé. E sairam por falta de condições para governar. A ambos faltou golpe de asa para dar a volta por cima. O golpe de asa que permite o sucesso e garante um lugar na História.
Em 1926, o país estava de rastos, económica e politicamente. Cinquenta anos depois repetia-se o caos. A instabilidade económica e a intolerância política paralizava o mercado de trabalho. Em ambos os casos foi possível dar a volta. No primeiro nem sequer havia democracia, a moda de regime político era outra; no segundo, a democracia foi preservada. E em ambos os casos, embora mais num do que no outro, as personalidades foram e são contestadas. O homem que capturou Gungunhana passou à História como heroi nacional, embora tenha reagido mal e sem sucesso à proclamação da República.
E ministros com sucesso não são lembrados por serem castos e puros, mas justamente por terem sucesso político, com reflexo na economia. Mário Soares foi Presidente da República e teve como primeiro-ministro Cavaco Silva. E Mário começou por oferecer a Cavaco o primeiro governo maioritário. Durante quatro anos Cavaco Silva governou, enfrentando com sobranceria o Parlamento hostil, e sem críticas do Palácio de Belém. Durante esses quatro anos, o Presidente dos portugueses entreteve-se a ajustar contas outros adversários políticos; primeiro entre iguais, como se costuma dizer. Victor Constâncio, que lhe sucedeu como secretário geral do PS, foi o primeiro a pagar a factura e a ficar isolado. Não lhe restou outra saída que bater com a porta, mas fê-lo com estrondo. Sampaio não teve a vida facilitada e também saiu da liderança do PS, mas a Câmara de Lisboa ganha com souplessse ao prof. Martelo, heróico flutuador do Tejo, foi o suficiente para manter o engenheiro no escalão dos notáveis.
A recusa do líder do PSD, Cavaco Silva, em apresentar um candidato a Belém não agradou a Soares. Ele queria uma vitória que reforçasse a sua postura, no segundo mandato, não desejava uma recondução desluzida. Nem que tivesse que o comprar na Feira do Relógio tinha que ter um candidato à sua direita. E lá arranjou um, na dispensa do CDS.
Para um homem que não tinha dúvidas e raramente se enganava, Cavaco iria ter grandes surpresas. Foram quatro anos a esbarrar com «forças de bloqueio». Muitas dúvidas lhe devem ter povoado o sono para se enganar tanto em tão pouco tempo e nas legislativas que iam anteceder as presidenciais optou por deixar a chefia do governo e do partida a Fernando Nogueira.
Claro que Guterres ganhou e por muito. E claro que Cavaco Silva se perfilou. O presidente da Câmara era um homem discreto e se alguém se enganou não foi ele!
Dez anos passados, Cavaco e Soares reaparecem na actualidade. Um já idoso e outro com idade para ter juizo. E panos de fundo, muitos. Alegre inconformado e ofendido. Miguel Cadilhe, que me parece um economista brilhante, foi um ministro eficiente, mas era jovem e exibicionista e os jornais deram cabo dele por causa das habilidades para não pagar cisas, nas frequentes trocas de residência. O austero primeiro-ministro deixou-o cair na primeira oportunidade. E ele comentou:«a solidariadade é como o chapéu de chuva. Só se dá pela falta, quando chove»...
É mais um que não esquece, nem perdoa.
Perdoar não é problema para Almeida Santos, nem escolher entre amigos. Alegre é amigo, sim senhor, mas «estive sempre com Soares, sempre», e Soares sempre esteve com todos, mas quando foi preciso não esteve. Salgado Zenha é uma referência e também devia ser amigo de Almeida Santos. Mas o inverso também é verdade. Quando foi necessário nem Zenha nem Alegre se vergaram. Talvez seja por isso que os notáveis se esfalfam tanto a defender os fracos e oprimidos: os outros são chatos e refilam...
Em 1926, o país estava de rastos, económica e politicamente. Cinquenta anos depois repetia-se o caos. A instabilidade económica e a intolerância política paralizava o mercado de trabalho. Em ambos os casos foi possível dar a volta. No primeiro nem sequer havia democracia, a moda de regime político era outra; no segundo, a democracia foi preservada. E em ambos os casos, embora mais num do que no outro, as personalidades foram e são contestadas. O homem que capturou Gungunhana passou à História como heroi nacional, embora tenha reagido mal e sem sucesso à proclamação da República.
E ministros com sucesso não são lembrados por serem castos e puros, mas justamente por terem sucesso político, com reflexo na economia. Mário Soares foi Presidente da República e teve como primeiro-ministro Cavaco Silva. E Mário começou por oferecer a Cavaco o primeiro governo maioritário. Durante quatro anos Cavaco Silva governou, enfrentando com sobranceria o Parlamento hostil, e sem críticas do Palácio de Belém. Durante esses quatro anos, o Presidente dos portugueses entreteve-se a ajustar contas outros adversários políticos; primeiro entre iguais, como se costuma dizer. Victor Constâncio, que lhe sucedeu como secretário geral do PS, foi o primeiro a pagar a factura e a ficar isolado. Não lhe restou outra saída que bater com a porta, mas fê-lo com estrondo. Sampaio não teve a vida facilitada e também saiu da liderança do PS, mas a Câmara de Lisboa ganha com souplessse ao prof. Martelo, heróico flutuador do Tejo, foi o suficiente para manter o engenheiro no escalão dos notáveis.
A recusa do líder do PSD, Cavaco Silva, em apresentar um candidato a Belém não agradou a Soares. Ele queria uma vitória que reforçasse a sua postura, no segundo mandato, não desejava uma recondução desluzida. Nem que tivesse que o comprar na Feira do Relógio tinha que ter um candidato à sua direita. E lá arranjou um, na dispensa do CDS.
Para um homem que não tinha dúvidas e raramente se enganava, Cavaco iria ter grandes surpresas. Foram quatro anos a esbarrar com «forças de bloqueio». Muitas dúvidas lhe devem ter povoado o sono para se enganar tanto em tão pouco tempo e nas legislativas que iam anteceder as presidenciais optou por deixar a chefia do governo e do partida a Fernando Nogueira.
Claro que Guterres ganhou e por muito. E claro que Cavaco Silva se perfilou. O presidente da Câmara era um homem discreto e se alguém se enganou não foi ele!
Dez anos passados, Cavaco e Soares reaparecem na actualidade. Um já idoso e outro com idade para ter juizo. E panos de fundo, muitos. Alegre inconformado e ofendido. Miguel Cadilhe, que me parece um economista brilhante, foi um ministro eficiente, mas era jovem e exibicionista e os jornais deram cabo dele por causa das habilidades para não pagar cisas, nas frequentes trocas de residência. O austero primeiro-ministro deixou-o cair na primeira oportunidade. E ele comentou:«a solidariadade é como o chapéu de chuva. Só se dá pela falta, quando chove»...
É mais um que não esquece, nem perdoa.
Perdoar não é problema para Almeida Santos, nem escolher entre amigos. Alegre é amigo, sim senhor, mas «estive sempre com Soares, sempre», e Soares sempre esteve com todos, mas quando foi preciso não esteve. Salgado Zenha é uma referência e também devia ser amigo de Almeida Santos. Mas o inverso também é verdade. Quando foi necessário nem Zenha nem Alegre se vergaram. Talvez seja por isso que os notáveis se esfalfam tanto a defender os fracos e oprimidos: os outros são chatos e refilam...
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