segunda-feira, outubro 17, 2005

Ser Português em Portugal

Se nos debruçarmos com alguma atenção para esta condição de português vivendo em Portugal não podemos deixar de nos sentir, pelo menos, tristes, primeiro, depois, deprimidos e, logo a seguir, desgraçados, infelizes por nos ter calhado na vida terra tão mal organizada e governada.

Olhemos os professores universitários: parecem uns senhores a quem Deus deu um poder particular. Não olham à sua volta. Eles são a ciência, a inteligência, o saber!

Reparemos, agora nos jovens com 40, 4o e poucos, que foram atirados para fora do país com bolsas, com promessas de regressos fulgurantes, quando tinham 25, 26 anos. O que lhes fazem as instituições que lhes prometeram o paraíso? Recusam-nos pura e simplesmente ou continuam a alimentá-los com bolsas que não significam nenhum emprego, nenhum compromisso, nada.

Os milhares de brilhantes investigadores portugueses a viver fora do país não têm a mínima perspectiva de regressar. Não há lugar para eles em parte nenhuma. E isto mesmo depois de a pessoa responsável pelo tal grande movimento de investigadores do país, o prof. Mariano Gago, ter voltado ao poder.
É uma vergonha para todos nós , mas, evidentemente, só uma pequena parcela conhece o problema. Os outros sabem lá que há gente com esses problemas, que há gente a dar aos outros a sua capacidade, a sua inteligência e que, um dia destes, seguramente, vão esquecer a sua condição de portugueses.
Seguramente para alívio dos que continuam a olhar para o lado e para si mesmos, preenchendo os lugares das hierarquias académicas, às vezes com trajes ridículos, mas muito seguros de si próprios. Afinal, o país é decrépito, sem capacidade para inovar o que quer que seja, mas os senhores profs.drs. continuam nos seus lugares.
E com tal ignorância que a maior parte deles ainda não percebeu que está a preparar gente para o mercado de trabalho, um mercado cada vez mais difícil e, por isso, os estudantes, transformados em quadros do que quer que seja, necessitam conhecer as leis que regulam a sua actividade, pelo que - sei lá! - no último ano do curso deveriam ser elucidados sobre os seus direitos, sobre as hipóteses de trabalho que a lei lhes abre e até obriga a criar.
Por exemplo, os engenheiros do ambiente correm, nesta altura, o mesmo risco que os arquitectos correram durante anos e anos, com os engenheiros civis a assinar os projectos de arquitectura.
Há muita legislação, quer portuguesa, quer europeia - a exigir transposição para a legislação nacional - que obriga muitas instituições a ter nos seus quadros engenheiros do ambiente. Todavia, isso não está a acontecer. Não me admiraria que os engenheiros civis, mais uma vez, estivessem a utilizar o título e os lobies para validarem as suas assinaturas em projectos onde é necessária uma clara especialização.
Vá, Juventude, ORGANIZEM-SE!!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Não vejo vantagem na defesa corporativa das profissões.Não leva a lado nenhum, pelo menos que seja interessante. No caminho são garantidos os anquilosamentos, os tumores e os chupistas. Outra coisa é a regulação, necessária para que seja efectiva a concorrência, e seja assumida e praticada a responsabilidade. Mas é claro que isto só é importante, quando falamos de trabalho, com reflexos na economia, e desenvolvimento, e não meras práticas profissionais que se resumem a assinar papeis e embolsar dinheiro fácil. Para isso sim, lá estarão as corporações, mesmo as dos "jovens", esses maioritariamente "jotas".