São quase todos, a começar pelo dito à indignação ou, pior ainda, ter de dar o dito por não dito. Por ser levado a encolher os ombros e fazer por esquecer. É pior que saber que o comboio vai aumentar (de preço, porra!, de preço) e a luz e o autocarro, também. Sócrates vai diminuir o taco às autarquias e desse modo forçar as autarquias a sacar na água e no lixo e no saneamento.
Cada vez custa mais adormecer e cada sono tem mais e mais pesadelos. E direitos?
É natural que um gajo se sinta lixado e refile por tudo e por nada. Hoje perderam-me a camioneta, o autocarro que me devia trazer de volta às quatro e meia. "Não tem lugar", disse a menina. "Só às cinco e meia", acrescentou. E passou-me o bilhete e eu perguntei-lhe: "não posso
tentar que o motorista me leve?". Ela acenou que sim e disse: "despache-se, que tá na hora".
O motorista olhou o bilhete e abanou a cabeça: "com este, não. Mas deixe ver. Há um lugar, sim, há um lugar"... E eu: "posso ir trocar de bilhete?". O tipo fez uma careta. "Corra, caraças, corra, que já passa da hora!".
Eu corri. Gaita!, tenho 70 anos!, faço que corro mas não ando muito. Mas fui e pedi e a dama disse que não e eu expliquei e ela disse que não. O computador não sabe de fretes nem de direitos. E não dava bilhete a autocarro cheio e se o autocarro não estava cheio a culpa não era do computador e a menina não queria maçar o computador e eu que me fodesse. E quando eu tentei, a arfar dos meus setentas, o motorista carregou no botão e fechou a porta e eu a vê-lo sair...
E não fui. E quis expressar o descontentamento. Que não, disse a menina. "Queixas só por escrito!" e abriu uma gaveta, com a intenção óbvia de me dar um papel. "Mas eu quero gritar, quero protestar... "Só por escrito", disse ela.
Dei três voltas ao terminal de Sete Rios e das três vezes nada. Pelo meio bebi uma cerveja e pensei o que só eu sei das mãezinhas daqueles gajos e o que consegui foi que um tipo das encomendas me dissesse: "Só por escrito".
Uma hora não é coisa que mate, mas chateia. A carroça saiu com um lugar vago. E eu fiquei porque nada nem ninguém é responsável ou responsabilizável.
Se ao menos alguém me levasse de Falcon...
Cada vez custa mais adormecer e cada sono tem mais e mais pesadelos. E direitos?
É natural que um gajo se sinta lixado e refile por tudo e por nada. Hoje perderam-me a camioneta, o autocarro que me devia trazer de volta às quatro e meia. "Não tem lugar", disse a menina. "Só às cinco e meia", acrescentou. E passou-me o bilhete e eu perguntei-lhe: "não posso
tentar que o motorista me leve?". Ela acenou que sim e disse: "despache-se, que tá na hora".
O motorista olhou o bilhete e abanou a cabeça: "com este, não. Mas deixe ver. Há um lugar, sim, há um lugar"... E eu: "posso ir trocar de bilhete?". O tipo fez uma careta. "Corra, caraças, corra, que já passa da hora!".
Eu corri. Gaita!, tenho 70 anos!, faço que corro mas não ando muito. Mas fui e pedi e a dama disse que não e eu expliquei e ela disse que não. O computador não sabe de fretes nem de direitos. E não dava bilhete a autocarro cheio e se o autocarro não estava cheio a culpa não era do computador e a menina não queria maçar o computador e eu que me fodesse. E quando eu tentei, a arfar dos meus setentas, o motorista carregou no botão e fechou a porta e eu a vê-lo sair...
E não fui. E quis expressar o descontentamento. Que não, disse a menina. "Queixas só por escrito!" e abriu uma gaveta, com a intenção óbvia de me dar um papel. "Mas eu quero gritar, quero protestar... "Só por escrito", disse ela.
Dei três voltas ao terminal de Sete Rios e das três vezes nada. Pelo meio bebi uma cerveja e pensei o que só eu sei das mãezinhas daqueles gajos e o que consegui foi que um tipo das encomendas me dissesse: "Só por escrito".
Uma hora não é coisa que mate, mas chateia. A carroça saiu com um lugar vago. E eu fiquei porque nada nem ninguém é responsável ou responsabilizável.
Se ao menos alguém me levasse de Falcon...
1 comentário:
Um prazer. Sempre um prazer ler os seus textos. Um sorriso que teima em não me largar.....
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