sábado, março 10, 2007

POR MORRER UMA ANDORINHA...

Proíbir tornou-se uma tentação neste país, mesmo se o ministro da saúde desproibe hoje o que proibiu ontem. Para ele tornou-se urgente. Mexe e remexe nas urgências e nos cuidados de saúde e, agora, no uso do tabaco.
É preciso não fumar aqui e além e mais além e mais ali. E em não sei onde também. A ideia aparece como cuidados de saúde: o tabaco mata. Mata, sim senhor, mas também os automóveis matam e não se proíbe a sua deles circulação pela vielas, travessas e outros arruamentos, nem de estacionar sobre os passeios. A minha tia ia todos os dias à missa e quando fez oitenta anos morreu. E ninguém, nem o senhor ministro da saúde se lembrou de proibir as pessoas de ir à missa. Julgo saber que D.Afonso Henriques nunca fumou e não deixa por isso de ser um dos dez mais!
Acredito piamente nos malefícios do tabaco. É uma droga semelhante a umas tantas outras que são proíbidas e sobrevivem à custa de tráfego ilícito. Mas o tabaco é um negócio lícito. Não sei porquê, mas é. É um negócio empresarial como tantos outros mais ou menos discutíveis. Como o alcool,por exemplo. Quem mais aproveita dos vícios (fumar ou beber) é o Estado. Essa é que é essa! O que o Estado arrecada é uma festa. Como todos os pecadores, o Estado envergonha-se de extrair vantagens com o crime e, de vez em quando, faz o zelador. Assume que o tabaco faz mal. Proibe os deputados de fumar no hemiciclo, mas permite-lhes que se satisfaçam no Passos Perdidos. Não se pode mais fumar nas tasquinhas, nem nos carros eléctricos, mas pode-se fumar onde o espaço não seja problema, nos enormes e caros restaurantes, bares matulões. A cada restrição que ciclicamente o Estado impõe, segue-se o agravamento do preço da venda de tabaco e, bem entendido, o aumento das taxas a favor das finanças ditas públicas.
Será razoável exigir do Estado que não autorize o fabrico de tabaco, nem a importação do dito?
Será humano sugerir sequer que o Estado reduza a taxas que cobra pela comercialização do vício?
Não seria mais creativo sugerir que o Estado proibisse apenas a comercializacão interna e autorizasse a exportação para os talibans ou outros árabes afins, com o compromisso solene de todos os sábados ir à missa perdir perdão?
Não sou parte interessada. Há muito que deixei de fumar. E não é meu hábito chatear os que fumam à minha beira. Começa é a faltar paciência para tanto cuidado de saúde humanista do governo.

Sem comentários: