sábado, março 25, 2006

O Jogo da Bola

Não foi decerto a primeira vez que o Porto eliminou, da Taça, o Sporting como não foi, seguramente, a primeira em que o Sporting esteve por um triz por ganhar no Porto. O jogo foi empolgante e a vitória divina para os que ganharam e a derrota bem amarga para quantos perderam. Não foi, nem será, a última vez que a arbitragem esteve em foco.
É bom lembrar que o resultado dos jogos é imprevisível, que a qualidade das arbitragens também. Que o futebol é a soma desses e outros factores.
Já a questão levantada pelo Vitória de Guimarães é mais delicada. Não que conteste o resultado do jogo, mas porque poderá levar a Federação a sofrer um rude golpe na tirania sobranceira a que se habituou. Não que seja novidade, também a FIFA se viu esvaziada de tirania por um modesto jogador de futebol. Se o clube de Guimarães avançar com um processo contra a FPF por prepotência, forçando os atletas a um esforço que poderia ou poderá limitar a sua capacidade física ou a própria saúde, poderá fazer diminuir a presunção ditatorial dos dirigentes federativos.
Já vai sendo altura dos organismos federativos se limitarem a funções próprias e específicas: organização das competições, nos termos da regulamentação estabelecida.
E numa altura em que a FIFA está de novo a enfrentar a ira dos clubes, pela utilização abusiva dos atletas profissionais desses mesmos clubes, a arrogância dos dirigentes federativos portugueses parece um pouco saloia e merece uma chamada à ordem.
Será bom lembrar os últimos mundiais de futebol e recordar a prestação das principais selecções. A França, então detentora do título, cai na primeira fase sem obter um simples golo.
Portugal também saiu prematuramente e sem brilho, como outros países europeus, provavelmente os mais vulneráveis. Parece que não tem importância: os bilhetes são vendidos prematuramente, os contratos com a Televisão já firmados e pagos.
Também o barulho das luzes foi menos esfusiante este ano, na atribuição dos Oscares. Pois é, pois é! Elas não matam, mas moem. Também Soares aprendeu que nem sempre se ganha!
Mas o futebol continua a ser outra coisa. Com um campeonato desigual, quase sem assistência,
conflituoso, o campeonato nacional, mais fora que dentro do campo, singra. Temos equipa apurada para o Mundial e não pouca ambição.
O mundial está praticamente à porta e tudo serve para falar dele. E deles, dos antigos. Espreitei um dia destes a evocação do mundial de 54, na Suiça. Adorei rever o Puskas. Deve ter sido injectado por tudo quanto era músculo. Tinha-se lesionado dois jogos antes, mas era fundamental na final. O pior é que «aquilo» era a doer. Não havia substituições e a Alemanha recuperou de dois golos e ganhou o título. Foi uma repetição do campeonato anterior, no Brasil.
Foi a primeira vez quer a Inglaterra, pátria do futebol, participava no mundial. A Espanha também lá estava. Havia, bem entendido, eliminado Portugal. Foi giro.Uma noite ouvi pela Onda Curta uma emissora espanhola a anunciar, em tom solene: «Vencemos a pérfida Albion!» Foi verdade:a Espanha derrotou a Inglaterra, que teve participação lastimável, com os seus calções compridos. Mas o Brasil, grande favorito, perdeu para o Uruguai e foi a festa ao contrário. Foi, creio eu, o terceiro mandial. O primeiro foi, salvo erro, na América do Sul. As equipas europeias
foram de barco. Treinavam no convés. umas vezes antes, outras depois do enjoo. Deu para o Uruguai se estrear a ser campeão. Depois foi na Itália, de Mussolini. E a Itália ganhou. Havia de voltar a ganhar, sem Mussolini, em Espanha, se a memória não me atraiçoa.
Depois da Suiça, foi a vez da Suécia servir um mundial. Foi o mundial de Pelé, menino prodígio.
Pelé devia ter quinze ou dezasseis anos quando jogou com o Belenenses, no Rio de Janeiro, pelo Vasco da Gama. O Vasco teve outro compromisso e apresentou um grupo de jogadores emprestados para defrontar os de Belém.
Salpicos de memórias que guardo do futebol, que me habituei a ver desde miudo e fui aprendendo com Ribeiro dos Reis e Cândido de Oliveira. Permito-me acabar com um pequeno fogacho: durante décadas o Sporting nunca perdera com os algarvios. Bom, com o Olhanense, mais precisamente, porque era o dono e senhor do futebol algarvio. Mas uma vez, por mór do crescimento económico, perdão, desportivo do campeonato apareceu um tal Lusitano de Vila Real de Santo António. Esse Lusitano, dos baixos da tabela, conseguiu, num dia de semana, nem sei porquê, ganhar ao Sporting, para o campeonato. Muito por culpa de Pedroto, então na tropa, que se tornaria num imenso vulto do futebol. Dele só Pinto da Costa estará à altura de comentar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Força Benfica

Anónimo disse...

¿Arbitros corruptos? no, gracias