terça-feira, março 14, 2006

DESTINOS

Quem terá dito: quanto mais avançamos no futuro é o passado que encontramos? Tanto me faz!
Ainda que não acredite que o Benfica possa amanhã jogar com o Arsénio ou o Felix ou o Rogério, que marcou cinco golos numa final de Taça, ou o Xico Ferreira, que só tinha um pé, mas empurrava meio mundo à sua frente. Por muito que se sonhe há passados irrecuperáveis. Mas, de facto, outros surgem quase sem se dar por eles.
Estava a fazer a barba quando me ocorreu o ainda quase jovem Richard Burton a gritar: «cow» à sua, dele, esposa. Nem me lembro do nome do filme em português, mas, nem sei porquê, suponho ser«look back in anger». Ri-me porque a legenda traduzida foi «animalzinho»!
Não, não é minha ideia criticar o tradutor. Era bem tempo, aquele, de censura. Traduzir à letra a raiva do actor resultaria no corte da cena.
Mas porque carga de água estava eu a fazer a barba, porra! não é nada disto. A dúvida estava em querer saber porque é me me viera à memória tal cena do filme, do qual praticamente não me lembro de mais nada?
E voltei a rir. Era o dramaturgo ou coisa assim, Osborne, acho eu. Ele tinha dito, uma boa dúzia de anos antes do Maio de 68, «em cada cinco americanos deviam matar-se seis»! Por esse tempo ainda o Médio Oriente era uma coisinha tipo quarto das criadas, a Pérsia ainda tinha chá (ou Xá?) e o inimigo convicto era a «negra segóvia», como se dizia no café a propósito da União Soviética. Dramaturgo com espantoso poder de síntese e antevisão notável. Nem Bid Laden hoje diria melhor!
O capitão Morgan, pirata-heroi, ia mar fora, à vela, à procura de oiro e especiarias, especialmente joias, que circulavam muito, e muitas clandestinamente, pelos mares. Alguns dos
«morgans» foram presos, deportados ou abatidos. Parecia mal ir sacar o que era dos outros.
Os «morgans» hoje vão fanar petróleo e deles é o reino dos céus. Alguns pagam caro, é verdade, mas são da ralé. O «capitão» persiste, manda muito e, sobretudo, manda cada vez mais carne
para canhão...
Pois é! também já se viu este filme. Lições não faltam, pois não, mas de cada vez custa mais aprender a ler...

Sem comentários: