terça-feira, setembro 20, 2005

BATER NO CEGUINHO

Li algures qualquer coisa sobre um antigo ministro de Salazar que anunciou uma baixa de preço do pão, na véspera deste aumentar o custo. Se bem me recordo o ardil consistiu na criação de um novo tipo de pão, mais leve e com fase de farinha de menor qualidade, de preço inferior meio tostão ao do pão comum (até então) melhor e mais pesado. Ninguém sabia, provavelmente nem o ministro salazarengo, que acabava de ser inventado o genérico. O esquema foi utilizado em outros artigos de consumo, mas não por muito tempo. Ministro e artifício foram depressa postos de lado e, como o pão genérico, rapidamente esquecidos. Mas devia ser útil avivá-lo ao dr. Almeida Santos para ele ter mais cuidado no futuro com as comparações!
Peço desculpa pela insistência, mas foi o ilustre socialista quem despertou a bela adormecida. Não é que me atormente o remoque a Cavaco Silva, a propósito das presidenciais, só que me pareceu despropositado.
Ao anunciar, em tempo de eleições, uma baixa nos preços dos medicamentos, para adoçar a diminuição das comparticipações do Estado, o governo, este sim, abriu a gaveta de tristes recordações de políticas de um passado pouco recomendável. Mas, pior que isso, desperta a pior das curiosidades sobre o Orçamento, que só será mostrado depois das autárquica!
Juntando a isto as nomeações, obrigadas a mote, para cargos bem remunerados, está a gerar-se visível incómodo nas listas socialistas que se expõem ao humor do eleitorado...
É natural, também, que Mário Soares e seus mais próximos apoiantes sintam alguma preocupação, não tanto na estratégia quase silenciosa de Cavaco Silva, mas pelo excesso de ventania que que sopra de S. Bento e do Largo do Rato.
Como tudo seria diferente se Sócrates pudesse perdoar a Pinto da Costa sem ter de o fazer de a Valentim Loureiro!

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