segunda-feira, outubro 15, 2007

AO FIM DA NOITE

Cheirou-me a papeis rasgados, quando o locutor da Tv-Cabo,a propósito das meias finais do mundial de râguebi, anunciou a transmissão «em directo» para o...«fim da noite»!
Ainda sou, confesso, um sujeito capaz de se espantar e como a mulher é francesa, queria, com ela, ver o jogo. Aparentementeo «fim da noite» esteve previsto para as 20 horas lisbonenses, que são 21 em boa parte da Europa, para lá de S.Sebastião da Pedreira,perdão,perdão, queria Vilar Formoso.
Por aqueles lados europeus dão-se ao luxo de fixar o horário de ver a bola para as 20-45, após o noticiário nobre das 20, que termina antes das oito e meia. Segue-se a pub mais umas quantas informações televisórias. Nós por cá, como se sabe, não: a bola «lixa» o noticiário das 20 e valoriza o Cabo ou o «vizinho» que der o jogo!
O mundial de râguebi contou na primeira fase com a presença entusiástica da equipa portuguesa e prosseguiu, depois, sem ela. Desse modo, para a Sport-Tv,o directo tornou-se dispensável. E assim surgiu o adequado horário:«lá para o fim da noite».
Estou em crer que «fim da noite signifique «menos oneroso»!
É certo que, no meu esquema onerado eu tive direito a ver o directo, através de um dos canais franceses disponivel,o que me permitiu ver a França baquear face à «pérfida Albion» como se dizia na rádio de onda curta espanhola, nos idos tempos do generalissimo. E vi também a África do Sul arredar a animosa Argentina. Não vou, tranquilizem-se, comentar os jogos. Quanto muito daria conta de algum pasmo por ver
no conjunto africano um elemento quase escuro. Lembrou-me o Ben David, que jogou foot
no Atlético e era tão português como eu, nascido na +Alfredo da Costa+. O Atlético
aproveitouo defeso e abalou em digressão por África, dita, então, portuguesa. Na hora do regresso um convite simpático da África do Sul o derradeito jogo da digressão. Ben David,obviamente não podia jogar, mas o Atlético, que era alcantarense por alguma razão, alegou que, sim senhor, Ben David podia jogar. O seu (dele) passporte rezava que o nascido em Cabo Verde era branco, tal como era português.E sem ele não haveria jogo. Jogou, claro, no centro do ataque.Ontem, em Paris, o escurinho brilhou e participou em alguns dos empolgantes ensaios.Um em quinze! Ora, digo eu, tal como o fazia Tavares da Silva,quando beijava a mão às senhoras: «Tem que se começar por algum lado»...

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