Quem, como eu, tem o hábito de, sempre que pode, viaja pela blogoesfera e, mais por obrigação profissional, do que propriamente por gosto, lê os jornais que se publicam neste cada vez mais pobre país, não pode deixar de ter a impressão do "já lido".
Nas minhas deambulações tenho um itenerário fixo e um outro aleatório. Do primeiro fazem parte, obrigatoriamente ,"Erotismo na Cidade" e " A Barca da Lyra".
A autora de "Erotismo na Cidade", que tem o cuidado de avisar que todos os seus textos e poemas são registados na Sociedade Portuguesa de Autores, denuncia desde há algum tempo um roubo descarado de um dos seus textos por um programa de Televisão, emitido na Dois, - "A Revolta dos Papéis de Nata" . A denúnica não pode ser mais clara.
Não parece que até agora tenha havido da parte dos responsáveis do programa ou mesmo da direccção do Canal 2 da RTP qualquer manifestação de reparação de tal roubo. Doutro modo, a autora do blogue já o teria sublinhado.
Hoje verifiquei que a autora do "A Barca de Lyra" resolveu inibir o acesso aos arquivos, porque já viu textos seus publicados noutros locais sem nenhuma referência à respectiva "maternidade".
Muitos outros casos existirão, seguramente. Tantos que o problema da propriedade intelectual já deveria ter sido analisado pelas autoridades competentes de modo a salvaguardar os legítimos direitos de quem cria, seja em que veículo for.
O que acontece é que essas autoridades fazem como os órgãos de comunicaão convencional: assobiam para o lado e consideram a blogoesfera um epifenómeno sem expressão e mesmo condenado ao desaparecimento.
Ora, a verdade é que não é assim. Um estudo objectivo e atento deste fenómeno não deixaria, concerteza, de constatar que aqueles cuja capacidade criativa foi sendo rejeitada pelos donos do negócio chamado comunicação, se foram refugiando na blogoesfera e hoje vão alimentando as pobres cabeças dos que, por obrigação contratual, profissional - a maior parte das vezes sem qualquer gosto especial - vão enchendo as pobres páginas dos nossos jornais e os ensanguentados telejornais das televisões dos espanhóis e de outros que não se sabe quem são.
Um tal estudo não deixaria igualmente de concluir que muitos dos que são impedidos pelos gestores do tal negócio de exercer os seus direitos nos órgãos em que trabalham, se refugiam em blogues onde expressam toda a sua criatividade.
Nos dois casos aqui apontados, o mais evidente é o do "Erotismo na Cidade", que já deveria ter levado a que os autores do tal programa fossem condenados ao pagamento de pesadas indemnizações à autora do texto lido abusivamente numa das emissões do programa. A condenação deveria ter igualmente uma componnente cívica impedindo os autores deste verdadeiro assalto de, durante um período de tempo suficientemente longo para ser considerado como uma punição a sério, de exercer qualquer actividade no domínio da comunicação social.
1 comentário:
Alguns dos textos (poemas) que encontrei em outros blogs, sem referência alguma, de onde foram retirados, estão também registados. Porém é muito dificil fazer alguma coisa. Utilizo o sitema copyscape para verificar se textos meus são colocados em outros blogs, mas este sistema é um bocado falivel. O caso mais gritante foi o de um blog do sapo, cuja a autora tinha nada mais que 5 poesias minhas, sem a minima referencia. Nem por uma vez, no sitema de comentários, aos vários "parabéns pelo texto" ou "muito bonito", se dignou a dizer que não era um texto seu mas sim retirado de um outro blog. Contactei a pessoa em questão por e-mail pendindo-lhe que se retratasse. Nunca o fez. Um amigo da SPA enviou um mail á pessoa em questão e ainda assim os textos continuaram por lá, sem a devida referencia. Mais tarde essa pessoa decidiu encerrar o blog. Já encontrei um poema traduzido num blog cujo autor vive em Londres. É muito triste a situação. E a mim, devo dizer, tem retirado a vontade de escrever, algo mais elaborado. Coloquei nos ultimos tempos textos banais e sem quaisquer interesse. E agora não sei muito bem o que fazer á barca. Sei, isso sim, que essas situações de plágio, contribuiram para esta situação.
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