O Banco Espírito Santo (BES) é um dos accionistas mais importantes do grupo empresarial PT. E também a entidade que melhor aproveita essa condição.É o BES que gere grande parte das finanças do grupo PT, nomeadamente no pagamento de salários, não sendo, seguramente, esta a fatia que maiores rendimentos proporciona ao banco de Ricardo Salgado.
De resto, quando se ouve Salgado falar da PT tem-se a sensação de que ele é o "dono". Os outros pouco contam.
Há também outros pormenores aparentemente insignificantes mas que explicam muito nesta relação de dono da quinta: muitos dos dirigentes da PT pertencem, simultaneamente, ao Conselho de Administração do BES. Foram os casos de Murteira Nabo, Miguel Horta e Costa e Henrique Granadeiro. Este último é hoje ainda do "chairman" da PT.
Tempos houve em que alguns administradores da telefónica resistiam às pretensões do BES, mas isso custou-lhes o lugar, pelo que hoje, mesmo que o BES não apoie explicitamente quem quer que seja, é de boa política aprovar as suas propostas. Zenal Bava, que é suportado pelo Banco Espírito Santo e por muitos investidores institucionais de âmbito internacional, encarrega-se de fazer cumprir a regra.
Não há dúvida de que a maior parte das operações financeiras entre as duas instituições são confidenciais e, portanto, nada se sabe delas. Todavia, há uma que é óbvia para os seus trabalhadores: a transferência dos seus vencimentos.
E como se faz? A PT disponibiliza ao dia 15 de cada mês as verbas necessárias para que o BES transfira para os bancos indicados pelos trabalhadores os respectivos salários. E isto acontece ao dia 20, pelo que o BES ganha os juros correspondentes a uma quantia que não deve ser pequena.
Todavia, este mês, o BES ganhou mais a manhã do dia 20 de Abril porque só disponibilizou o dinheiro na tarde desse dia, depois de alguns protestos.
A Caixa Geral de Depósitos, que também tem uma parte desta operação cumpriu com os prazos.
Como é óbvio nenhum jornal, rádio ou televisão alguma vez se referiu a esta dependência da PT relativamente ao BES, mas para quem a constata não pode deixar de ficar estupefacto. Como é que o maior grupo empresarial português se deixa subjugar desta maneira?
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