Tempos houve em que os estudantes deste país, sempre que algum grupo social saía à rua ou levava a cabo qualquer demonstração de protesto, saíam - sempre ao lado do Povo! O 25 de Abril também foi muito obra desta solidariedade permanente dos estudantes com o Povo, com as causas, que, umas vezes desciam à rua, outras, em silêncio, se desenvolviam contra a opressão, contra os poderes arrogantes.
Os estudantes tiveram um papel importante porque sempre estiveram ao lado de quem se sentia injustiçado. Foi assim em Portugal, como noutros países, alguns dos quais conquistaram a sua independência aceitando a generosidade dos estudantes, que, para o efeito, tiveram, em muitos casos, que abandonar os estudos.
Que se passa com os estudantes neste nosso novo tempo?
Deslocam-se para as faculdades em transportes individuais (sempre que vou a Coimbra fico impressionado com o volume de automóveis estacionados nas redondezas das Faculdades. No meu tempo, era um sossego...)
Quando saiem à rua, esta gente motorizada, sai para dizer que não paga propinas, sem perceber que seria mais justa uma contestação aos preços exorbitantes praticdos nas creches...
Ninguém consegue descobrir de que lado estão os estudantes nos diversos conflitos que vão opondo o Povo aos sucessivos governos.
Por exemplo, no actual contencioso entre os professores e o Ministério da Educação, de que lado estão os estudantes?
Aqui está, seguramente, uma oportunidade para acções de solidariedade para com uma classe, cuja unidade, só por si, diz bem das suas razões para contestarem uma política de educação que define a próxima tragédia deste jardim à beira mar platado.
Onde estão os estudantes, muitos dos quais dentro de alguns anos serão professores, nesta disputa?
Amanhã espera-se que mais de cem mil professores voltem a Lisboa para repetir o NÃO à Ministra da Educação. Largos milhares deles foram dos que, noutros tempos, sairam à rua para, como estudantes, se solidarizarem com as lutas justas dos outros - pertencem à geração que teve, sempre, necessidade de protestar, mesmo agora que se avizinhavam tempos de sossego...
Seria interessante que os nossos estudantes se juntassem aos seus professores e também dissessem não, dando, assim, uma prova de confiança nos que os ensinaram para que chegassem às faculdades.
Muitos deles estarão a curtir a ressaca de sexta-feira e nem darão pela multidão que vai chegar a Lisboa.
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