Se não fossem dramáticas para milhões de pessoas, as actuais mudanças do sistema financeiro internacional dariam para rir. Não há surpresas, não há imaginação e é muito fácil concluir: os ajustamentos acertados entre os estados e a banca apenas significam o mesmo de sempre: todo o Mundo trabalha para meia dúzia de "chicos espertos", invisíveis mesmo para os lacaios convencidos da sua condição de governantes. Isto é, a banca entrou em colapso porque os seus gestores, em delírio , julgavam o céu como o limite para as suas aventuras e ganhos.
E quem vai pagar? Os mesmos de sempre: os contribuintes cumpridores, trabalhadores por conta de outrém e obrigados a aceitar as mudanças das regras determinadas pelos governos em função dos interesses dos donos da banca, cujos rostos já ninguém conhece.
A actual crise do sistema financeiro poderia servir aos governantes do chamado mundo ocidental para concluirem não ser mais possível continuar a alimentar o sistema neo-liberal, responsável pela criação de um mundo de escravos - a herança cada vez mais visível para a actual geração jovem e, seguramente, pior para as seguintes.
Os"governantes" estão a dar à banca todos os instrumentos de tranquilidade: os bancos vão poder continuar a apresentar todos os anos lucros mais elevados, vão poder continuar a apoiar apenas os que, tendo contas gordas, ou sendo mesmo grandes accionistas da banca e das grandes empresas, não precisariam desses apoios. O aval dos estados vai servir para financiar operações de enriquecimento dos muito ricos. Os outros vão engrossar as estatísticas dos danos colaterais desta crise: aumento do número de desempregados, dos esfomeados, das pequenas e médias empresas falidas, porque para elas não há apoios.
E não há novo presidente dos Estados Unidos para salvar nada. Seja ele quem for, o sistema vai continuar, o Mundo vai ficar um sítio cada vez mais infeliz, com a cada vez mais pequena minoria usufruindo do trabalho, do esforço e dos sacrifícios de uma cada vez maior maioria de desgraçados, sem esperança no dia de amanhã.
A mim assusta-me verificar que tudo quanto se escreve ou diz a respeito desta matéria tem um sentido: o sistema vai renascer e a vida continuará. Para toda a gente com acesso à comunicação social institucional, "depois da tempestade virá a bonança". A Bonança deles...
1 comentário:
Ou seja, é uma crise virtual para eles e real para nós, não?
Quanto à bonança não sei não... Parece-me que aqui se pode aplicar o Aleixo:
Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um Mundo novo a sério.
Vem aí muita violência pois as margens estreitam as margens cada vez mais. Depois não se queixem da violência do rio
(Peço desculpa pela duplicação do comentário)
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