quinta-feira, janeiro 04, 2007

A MUITOS À HORA

Anda tudo zangado. É do radar, mesmo que não haja radar. Eu, que não conduzo, vejo coisas divertidas e algumas sem graça nenhuma. A questão é simples: somos desastrados na estrada. Não direi os piores do planeta, porque é preciso passar pelo Cairo para ter-se a certeza que não somos, mas porque, de facto, somos maus como as cobras, exceptuando um tal M.Pedrosa, que, como se sabe, é quase bom a andar no carro dele!
Ouvi um desalmado barafustar por mór dos carros. A culpa é do senhor que faz os automóveis que andam que se fartam, acima dos 120 kh! O que o Sócrates devia fazer era obrigar o gajo a fazer carros que só andassem a cento e vinte! Parece elementar, parece. Mas não é. Em Alfama não se pode andar a cento e vinte, nem mesmo a cento e dezanove; nem a noventa. Teria que haver uma oficina de fazer Mercedes em Alfama que só andassem a trinta e sete e meio, mais coisa menos coisa.
Não se fazem carros em Alfama e mesmo que se fizessem não era para andar devagarinho. Ocorre-me lembrar que nos finais do Século XIX ainda não havia automóveis e o grande receio era que como aumento incontrolado da caleches, carroças e afins, cada uma das quais com mais cavalos que as do vizinho, as bravas criaturas de então pudessem sucumbir a estrebuchar na merda! Em boa verdade de cavalo sai o mesmo que de cu de menino.
O problema não é de hoje e não é só nosso. O nosso é pior que muitos outros porque nós somos bem piores. Se fizerem o favor de visitar um ou dois psicólogos e outros tantos psiquiatras hão-de acreditar nisto. Mas se os outros são menos piores não significa que sejam bons e mesmo os muito bons têm acidentes do caraças, até porque de bons que são têm turistas pouco recomendáveis!
Há por aí uns dois anos a sinistralidade rodoviária alarmou a França e a França respondeu, partindo do princípio badalado de que o drama resultava de excesso de velocidade. Não diminuiram as tabelas, antes procuraram formas de evitar excessos. Criaram pontos nas cartas de condução e além de multas elevadas retiram pontos à quotação. Perder um ponto ou dois não parece grave, mas ao cabo de meia dúzia ou coisa assim perde-se a carta e será preciso muito, muito tempo até obter outra. Isto sim! Isto dá resultado. O medo de ficar sem carta pesa bem mais do que a chatice de pagar uma multa.
O resto, os radares são ultrapassáveis, com gps's ou com memória qualificada. Mas o risco de perder pontos trava. Das últimas vezes que circulei a caminho de Paris bem que encontrei um tráfego mais tranquilo. Passo a maior parte do tempo a refrear o entusiasmo da patroa, que refila que se farta logo que passa a fronteira dos Pirineus.
Um xui patriota dizia ontem num canal televisivo que passou alguns dos dias de feriados a passear por Espanha e não viu brigadas de polícia na estrada, ao longo dos 150 km que percorreu! Oh rico! Isso em Espanha é o mesmo que ir a Bucelas. Não, não falta controlo rodoviário nas estradas espanholas, nem nas francesas e são prontos a chegar quando é preciso e o que é realmente preciso é conduzir com precaução, expandir quando se pode e reduzir quando necessário. E talvez não faça mal saber o que realmente acontece aos que prevaricam. Não haverá por aí gente a mais com algumas mortes às costas? Ainda não há muito, um ministro foi referenciado numa auto estrada a mais de duzentos à hora e com uma desculpa razoável: o primeiro ministro quer apanhar os paises da frente! Economia, economia! A quanto obrigas...

Sem comentários: