Já aqui escrevi que o pior que está a acontecer a este país nesta altura é a comunicação social. Desde que haja desgraça eles e, sobretudo elas, de cabelos loiros ao vento, à procura de palavras que dificilmente encontram nas suas ocas cabecinhas, para descrever a Tragédia que se abate a seus pés.
Ou então, eles ou elas, os pés de microfone vão para a porta de um tribunal ou de uma cadeia, mesmo à chuva que seja, para debitar um sem número de alarvidades, onde confudem, naturalmente, opinião com notícia, misturam tudo, tal como na escola do Mário Crespo.
Ou então ainda, com ar malandro , nos passos perdidos, à espera de uma truta política qualquer que há-de comentar mais qualquer coisa da face oculta ou do último crime da Ti Jaquina lá para a serra da Malveira...
Uma desgraça, diria o ex- Alberto João, que, agora, com asas de anjo, a tudo vai acenando com a cabeça, desde que não lhe tirem, assim de repente, o poder.
Mas, não era para isso que aqui vim hoje... é tudo a propósito do ter acordado com um daqueles locutores másculos e dinâmicos a berrar ao microfone da TSF, logo a abrir aquele noticiário mal amanhado, que eles repetem não sei quantas horas e a que chamam "jornal", que a polícia ia começar a ir para a rua, à civil para prevenir os atropelamentos.
O Homem! Mas como é que eles fazem isto? Atiram-se para debaixo dos carros na vez dos infelizes cujos destinos estão marcados a sangue ali no asfalto negro ou naquela calçada velha e danada daquela rua maldita?
Não senhor! Dizem eles. Os polícias (alguns deles vão estar fardados) estão lá para multar os automobilistas que passam com os sinais vermelhos e os peões que atravessam as estradas fora das passadeiras. Pronto! Assim se cumpre a missão de sempre da polícia e os polícias portugueses: multar, sancionar, perseguir. É a matriz deles. Não conseguem pensar de outra maneira...
Já com o trânsito é a mesma coisa. não se vê um polícia sózinho, a vigiar o comportamento dos condutores e a actuar perante atropelos evidentes à lei. Não! Veêm-se aos magotes, em autênticas emboscadas, à espera dos incautos que, muitas vezes por necessidade de resolverem problemas de trânsito que os polícias nunca reconhecem, ultrapassam o limite dos 50, dos 80, dos 120, eu sei lá...
E, quando não estão aos magotes para multar os cidadãos com cara de cumpridores da lei - porque dos outros eles fogem - têm os radares escondidos e depois mandam as fotografias. Contentes da vida.
Esta de colocar polícias à civil a vigiar as passadeiras vai dar cenas bonitas, vai...
Ainda hoje experimentei: estava uma senhora parada no passeio junto a uma passadeira e eu perguntei-lhe se podia passar, se, por acaso ela não era polícia disfarçada. Sabem lá o que a mulher me disse. Saí dali a correr, não viesse a ser preso por ofensas ao pudor e a outras coisas mais...
A ver vamos: se funciona a dignidade da farda, há muito desaparecida das ruas, se a cobardia e o medo do disfarce, tão em voga em todos os sectores da vida portuguesa.
Para acabar com o comecei: aquele locutor de barba hisurta e voz forte, não disse mais nada a propósito desta notícia. Nem ele, nem nenhum dos companheiros deles. Como sempre vão deixar os comentários para o Francisco Louça, para o Marcelo (um dia destes o sr. presidente), ou para um daqueles comentadores que também já foram administradores da Lusomundo quando era propriedade da PT e não se falava em controlo da informação - perguntem ao Fernando Lima, actual braço direito do presidente Cavaco - que ele vos explica como era feito e, já agora, como foi dispensado da direcção do DN.
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