Como nota introdutória gostaria de pedir desculpa aos que, por uma razão, ou por outra, por aqui passam, à espera de qualquer coisa nova e encontram sempre o mesmo. Os meus últimos textos, aparentemente contraditórios dizem bem da perplexidade com que tenho acompanhado os últimos meses da política portuguesa e justificam, de certo modo a minha nula intervenção. Acho, contudo, que é tempo de voltar a falar com os meus amigos e comunicar-lhes alguns dos meus medos
Hoje quero falar de receios concretos, fruto da incompreensão com que continuo a ouvir as notícias, a ler os jornais e a ouvir os novos humoristas, os comentadores políticos, que se comentam uns aos outros e procuram saber qual a respectiva posição no ranking dos mais "engraçados".
A propósito deste despropósito de trazer à cena pública gente que faz do comentário político um pretexto para a diversão, não posso deixar de expressar o meu primerio receio: o entusiasmo com que a gente da comunicação social fala dos males que vão acontecendo a este país e estimulam que outros, ainda piores, possam acontecer, assusta-me. É que parte do poder está entregue a gente à procura de um titulo de jornal, de uma reportagem na televisão ou na rádio como garantia um emprego...
A C(c)omunicação S(so)cial portuguesa é o pior que podia acontecer a Portugal!!!
Dirão que estou com Sócrates na análise. Não! É que foi ele a extremar estes maus instintos dos homens e das mulheres dos jornais, da tv e da rádio. A sua arrogância dos primeirtos quatro anos em que sentou na cadeira do Salazar foram, desse ponto de vista, uma permanente provocação. Aí falhou tanto como com os professores e os agricultores. Esperemos que não faça, agora, o mesmo com os enfermeiros...
A C(c)omunicação S(s)ocial, todavia, não conseguiu portar-se dentros dos padrões do profissionalismo, da ética, da honestidade e ultrapassou limites inimagináveis, atirando, inconscientemente, Portugal para a situação em que se encontra hoje,isto é, com uma imagem que permitiu ao sr. Almunia a comparação com a Grécia...
A situação não é boa. Todos o sabemos, mas a responsabilidade é repartida: por um lado, a pressa de Sócrates em fazer reformas desajustadas para os tempos e a sua arrogância e teimosia, mantendo em lugares-chave gente como a ministra da educação e o ministro da agricultura. Por outro lado há a crise internacional - que não é invenção, nem brincadeira, mas que para a gente da informação e da oposição não existe. Para eles, toda a responsabilidade é de Sócrates e do seu governo.
E surpreende que cheguemos à actual crise por causa da finanças regionais, com toda a oposição votando contra o governo...
Ouvir Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa defendendo Alberto João Jardim, indiferentes aos números que dão à Madeira o segundo lugar no das regiões mais ricas de Portugal, assusta.
Perceber a inteligência de Paulo Portas, com capacidade para entender os caminhos que esta segunda república está a tomar, aparentemente, tranquiliza, mas, logo a seguir também assusta.
Que República é esta que aceita uma crise provocada por uma questão que apenas tem importância porque nela está envolvido um homem a viver numa espécie de paraíso pago por dez milhões de papalvos que ainda não perceberam que a Madeira - o tal paraíso - já devia governar-se sózinha?
Façam um referendo, como recomendou há tempos o Vicente Jorge Silva e ver-se-á então o poder do senhor jardim. A que propósito temos nós, os habitantes de Portugal, que pagar os luxos dos amigos do sr. Jardim?
Depois de perceber o Bloco de Esquerda e ouvir o "furioso" e "irrascível" Louçã, depois de perceber que o PC aposta em todas as cartas para demonstrar que é mais esquerda do que o PS, depois de verificar que o PSD, nem completamente desagregado deixa de ter como farol o ditador da Madeira, depois disto tudo, em que só resta um CDS a preparar-se para formar o pulo do lobo ou o abraço do urso, temo pela Segunda República. Não sei se haverá uma terceira e se, no caso de caso de existir, possa ser regida pelos mesmos valores desta. Se assim não for, os vindouros terão que responsabilizar os vários loucos, mas um, de entre eles, sobressairá: Francisco Louçã, que quer, a todo o custo, eleições rápidas para demonstrar que chegará perto do PS.
Se as eleições vierem brevemente acontecerá ao Bloco o que sucedeu ao PRD, lá para trás nos idos oitenta.
Sem comentários:
Enviar um comentário