As conclusões a retirar das últimas eleições europeias são simples: o País voltou para trás alguns anos e aguarda com alguma resignação, por parte de alguns, e com bastante alegria, por parte de outros, o regresso ao poder de uma aliança da direita feita de interesses e objectivos escuros que mais tarde aparecerão - ou não - nas primeiras páginas dos jornais com títulos a falar de milhões que passaram dos cofres públicos para o bolso de uma dúzia de políticos empolgados a jurar diariamente que a sua preocupação "são as pessoas".
Como é que foi possível voltarmos a este cenário? Fácil...José Sócrates ganhou as últimas eleições legislativas, rodeou-se de uma série de incondicionais, naturalmente medíocres, e começou a atacar tudo e todos: professores, camponeses, polícias, pescadores, funcionários públicos, a justiça no seu conjunto, os reformados. A certa altura a maior parte dos portugueses chegou à conclusão que tinha no governo o seu principal inimigo - que ameaça com medidas de controlo quase policial da vida de todos nós.
Ninguém acredita nas boas intenções desta gente, na teimosia deste grupo que se instalou no poder com a certeza de que a teimosia e a arrogância do seu chefe os lá vai manter até ao final da legislatura.
E depois, depois das próximas eleições, quando o PS for confrontado com o resultado do ódio que o povo vota a este governo e vir a sua votação reduzida para níveis nunca imaginados? Será que ainda vamos ouvir as palmas do Augusto Santos Silva, da Maria de Lurdes Rodrigues, do Mário Lino, do Jaime Silva, do Vieira da Silva e de todos os outros?
Quando PS de Sócrates nos entregar de novo aos que fazem da política trampolim para as contas escondidas, para as fortunas acobertadas pelos registos de outros nomes, quando isso acontecer, vamos, finalmente, concluir que José Sócrates foi o coveiro de todas as nossas esperanças de mudança.
Só nessa altura vamos concluir que deveríamos ter obrigado o Secretário Geral do PS a ser mais humilde, a preocupar-se, de facto, com as pessoas a não se aliar aos liberais mais radicais, a não fazer dos banqueiros os seus parceiros preferenciais, a conversar com os sindicatos, a não transformar a educação num reino de imcompetentes, burocratas, desejosos de poupar o mais possível, copiando modelos idiotas?
Só nessa altura, quando o PS se preparar para uma travessia no deserto, amaldioçado por quem depositou tanta esperança nas promessas de há quatro anos, vamos concluir que houve um tempo para dizer a Sócrates: chega?
Iremos então perceber que o PS é, afinal, composto por um grupo de militantes ausentes, acríticos e atentos apenas à perspectiva de um emprego, de um favor, incapaz de forçar a sua direcção a mudar de políticas quando é necessário, a fazer alianças com os grupos ideologicamente mais próximos?
Não me parece que o PS vá acordar deste sono hipnótico e demonstre capacidade para, ainda antes das próximas eleições, se desembaraçar de Sócrates, dos seus discursos arrogantes, do seu jeito odioso, das suas políticas que só alguma comunicação social ( aquela que obviamente recebe contrapartidas) entende .
Será que resta alguma força ao PS para interpretar o que é evidente há muito tempo: o Povo Português não quer esta política, não quer este governo, não quer este primeiro-ministro?
Sem comentários:
Enviar um comentário