sexta-feira, maio 06, 2011

O Jornalista-Polícia

Os últimos dias têm sido angustiantes. Ao ouvir as rádios, as televisões e ao ler os jornais, percebemos que a nossa gente da comunicação social está toda de joelhos. A alegria com que as desgraças foram sendo noticiadas - quanto pior melhor - foi uma verdadeira tristeza para os que continuam a ter consciência cívica, para os que não se isolaram neste pequeno espaço geográfico e continuam a olhar para o Mundo global em que - quer se queira ou não - existimos.

O culminar da angústia foi a conferência de imprensa dada pela chamada "troika"( três funcionários de instituções internacionais) em que, empurrados pelas perguntas dos jornalistas nacionais, estes três homens, com o ar de quem manda, foram ganhando coragem para fazerem considerações de carácter político acerca do nosso país.

Que nos interessa a opinião destes ficais da União Europeia, do Banco Europeu e do FMI? Por que razão temos que os ouvir. Que leva certos jornalistas a fazer determinadas perguntas? São os porta-vozes daquelas organizações que, com o ar feliz de quem foi fazer queixa ao patrão e fez todas as reivindicações e foi ouvido...?

O pior, todavia, para mim, aconteceu ontem à noite na RTP 1, com o "jornalista"- escritor José Rodrigues dos Santos - o tal que vai às guerras mas fica sempre longe - a fazer uma entrevista ao ministro das finanças. Sei que o homem dá aulas de jornalismo em algumas faculdades. Espero que os alunos dessas aulas não tenham visto a pseudo-entrevista para que não repitam nas suas vidas futuras o que aconteceu: um interrogatório mal-educado, semelhante ao de um polícia disposto a arrancar, de qualquer jeito, uma confissão ao presumível culpado.

Uma verdadeira vergonha, a somar a tantas outras que todos os dias se repetem, trambém na televisão pública, em que se nota uma "fúria" particular contra o actual poder, como que a querer libertar-se da subserviência de ainda há poucos meses...

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