segunda-feira, outubro 22, 2007

SACARROLHAS...

A Televisão revelou este fim de semana que,cada vez mais, os americanos se vão interessando pelo negócio do vinho. À boa maneira americana, bem entendido.Compram vinhas pela Europa fora, onde quer que as haja e compram, já se vê, procurando absorver as casas agrícolas e as grandes marcas. Foram alternando na Itália e na França e têm já debaixo de olho a Espanha. Já «ocuparam» a Argentina e andam a patinhar pelo Chile. Já espreitaram a África do Sul e praticamente já dominam a Austrália...
Enquanto isso fizeram o trabalho de casa. Muita promoção, muitas revistas sobre vinhos
com tabelas de qualidade fantasistas, que influenciam os leitores e muitas e muitas
plantações de cabernet-sauvignon plantadas nos quintais do Tio Sam. A parte chata é que tendem a adocicar o nectar mais ao gosto americano.O vinho adormece em barris de carvalho novinho em folha, o que desde logo altera o sabor e faz perder qualidade. Mas isso não tem importância, as revistas juram que o vinho é óptimo e agraciado com muitas estrelas. Também se sabe que para americano bem remunerado o preço é por si só uma garantia de qualidade!
Há alguma reponsabilidade europeia, designadamente francesa. Os franceses gostam de vender. É a parte do negócio que eles gostam mais. As vinhas de Bordeus estão a mudar de mãos com grande velocidade.Por ora a Borgonha vai resistindo, ainda bem!
Ocorre-me um caso afim, no princípio dos anos 80, quando os holandeses, confinados ao seu «quintal» procuravam alargar a agricultura. Começaram a tentar comprar terras para cultivo, com mais ou menos espaço, com vacas ou sem elas.Foi uma festa, os hortelãos gauleses esfregaram as mãos e venderam. Depois juntaram-se para fazer marchas de protesto público contra os malandros dos holandeses que lhes tinham ficado com as hortas e exigiam do governo que lhes desse outras terras!
Existe alguma semelhança. Com todos os seus defeitos, os americanos não entraram na Europa armados, nem nos ameaçaram com devaneios nucleares. Não espoliaram. Exibiram
dolares e compraram pelo preço que se lhes pediu.
Quando cá chegarem não sei como vai ser, mas como dão muito arriscamo-nos a ter o Dão a saber a merda!
A propósito, também me lembro de que também nós sonhamos «ocupar» os states com vinho de cá a vender lá, aí por alturas de 70. Foi tudo estudado. Cor e sabor para americano consumir. Um «Faísca» perfeito, engarrafado numa botija de barro vidrado.Um luxo. Só que...
Não se vendia. Ninguém tido por americano o comprava. Quando convidado a provar, bebia e gostava, mas não comprava. Solicitou a uma empresa local que encontrasse explicação.Não tardaram a percebere a revelar: nenhum americano conseguia proferir
«faísca», mesmo que se torcesse, não conseguia. E assim nasceu o bem sucedido
«Lancers»...

domingo, outubro 21, 2007

QU'A PAZ SEJA CONVOSCO

Assistia placidamente sentado,no meu quarto, à final de Londres,com o copinho do tinto, meio cheio,na mão e um pires com quadradinhos de queijo nas imediações. Os ingleses esfalfavam-se animados, mas os sul-africanos iam controlando.
De vez em quando espreitava o Sporting,que cumpria calendário, em casa emprestada! Que mais desejar para um princípio de fim de tarde? Não sei se pelos contornos que os jogos levavam, se pelo efeito do nectar do Douro, ia sorrindo da maneira como estava sentado: placidamente. Nem dei por me terem trazido o excelente assado,que me puseram à frente,que jantei com gosto! Por isso a segunda do Douro teve de ser aberta.
Quando o vizinho bateu,nervosamente, no vidros da janela.
- Você viu aquilo? . gritou-me, furibundo...
- Aquilo.o quê?
Bom, resumindo, «aquilo» era o Benfica dele (vizinho). Tinha empatado Empatado por mór do árbitro, admitiu ele, que tinha esperado, cheio de paciência, pelo golo do empate.Ele (vizinho) pretendia que eu lhe explicasseo que se devia fazer àquela cambada? Isso lembrou-me que eu devia telefonar ao meu compadre,que foi à bola,porque mora perto do Restelo, embora seja lagarto,desde pequenino!
E fui partilhando o resto de garrafa, com o vizinho, que continuava a perguntar«o que se deve fazer?»
-Ò homem, converta-se,porra, converta-se. Só a fé é que vos pode salvar...
Verdade se diga,que o vizinho não deu ares de ter achado graça e como não havia mais na garrafa abalou a resmungar.
Telefonei ao compadre, ateu confesso, a repetir a graçola e ele acabou a vacilar
--Não, não acredito em milagres, mas...depois do Porto o Sporting...

segunda-feira, outubro 15, 2007

AO FIM DA NOITE

Cheirou-me a papeis rasgados, quando o locutor da Tv-Cabo,a propósito das meias finais do mundial de râguebi, anunciou a transmissão «em directo» para o...«fim da noite»!
Ainda sou, confesso, um sujeito capaz de se espantar e como a mulher é francesa, queria, com ela, ver o jogo. Aparentementeo «fim da noite» esteve previsto para as 20 horas lisbonenses, que são 21 em boa parte da Europa, para lá de S.Sebastião da Pedreira,perdão,perdão, queria Vilar Formoso.
Por aqueles lados europeus dão-se ao luxo de fixar o horário de ver a bola para as 20-45, após o noticiário nobre das 20, que termina antes das oito e meia. Segue-se a pub mais umas quantas informações televisórias. Nós por cá, como se sabe, não: a bola «lixa» o noticiário das 20 e valoriza o Cabo ou o «vizinho» que der o jogo!
O mundial de râguebi contou na primeira fase com a presença entusiástica da equipa portuguesa e prosseguiu, depois, sem ela. Desse modo, para a Sport-Tv,o directo tornou-se dispensável. E assim surgiu o adequado horário:«lá para o fim da noite».
Estou em crer que «fim da noite signifique «menos oneroso»!
É certo que, no meu esquema onerado eu tive direito a ver o directo, através de um dos canais franceses disponivel,o que me permitiu ver a França baquear face à «pérfida Albion» como se dizia na rádio de onda curta espanhola, nos idos tempos do generalissimo. E vi também a África do Sul arredar a animosa Argentina. Não vou, tranquilizem-se, comentar os jogos. Quanto muito daria conta de algum pasmo por ver
no conjunto africano um elemento quase escuro. Lembrou-me o Ben David, que jogou foot
no Atlético e era tão português como eu, nascido na +Alfredo da Costa+. O Atlético
aproveitouo defeso e abalou em digressão por África, dita, então, portuguesa. Na hora do regresso um convite simpático da África do Sul o derradeito jogo da digressão. Ben David,obviamente não podia jogar, mas o Atlético, que era alcantarense por alguma razão, alegou que, sim senhor, Ben David podia jogar. O seu (dele) passporte rezava que o nascido em Cabo Verde era branco, tal como era português.E sem ele não haveria jogo. Jogou, claro, no centro do ataque.Ontem, em Paris, o escurinho brilhou e participou em alguns dos empolgantes ensaios.Um em quinze! Ora, digo eu, tal como o fazia Tavares da Silva,quando beijava a mão às senhoras: «Tem que se começar por algum lado»...

quinta-feira, outubro 11, 2007

SANTO DEUS...

Ora bolas! Mal da fé quando um milagre necessita de certificado de origem.Diante de um milagre pasma-se, reza-se. Para canonizar os pastorinhos são precisos mais milagres!
Mais?
Vamos lá e com alguma calma. Fátima eliminou da Taça o Porto e se tal não é um milagre divino, não faço ideia que mais possa vir a sê-lo!
Atentem, por favor, que se eliminar o Porto como foi, não fosse milagre, o «prior» da freguesia das Antas ter-se-ia deitado ao árbitro, fosse ele quem fosse, como gato a bofe. Em boa verdade, Pinto nem piou. Alguma vez se viu?
O Fátima ganhou. Ganhou, sim senhor e ganhou em Fátima. O Porto perdeu e Pinto não piou. Ó céus, benditos crentes, que mais se pode desejar?
Não brinquem comigo: o Porto só perde se Deus, na sua infinita misericórdia, quiser...
É milagre, sim Senhor!
Querem ver que os bispos de Roma são um súcia de lampiões frustrados?...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Se o Ridículo Matasse...





















Neste fim de semana, a revista "Tabu", do semanário "SOL" publicou uma entrevista com a drª Catalina Pestana. Ao lê-la fiquei, finalmente, a perceber o que move esta senhora que destruiu uma das mais importantes instituições de solidariedade do país, uma destruição que, segundo ela e os seus amigos, foi a única solução para resolver um problema grave que, - sabemos agora - pelos vistos continua.





Só que não se sabe como. Dos internatos quase nada resta, O Colégio Pina Manique -o centro de todos os problemas - deixou de receber alunos dos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, o que significa que dentro de dois ou três anos aquelas magníficas instalações também estarão disponíveis para venda - tal como aconteceu agora com o Colégio de Santa Clara.






o que está a acontecer na Casa Pia pós Catalina é a venda de património, muito do qual foi doado por particulares a troco de contra-partidas.






Enquanto isso, o Sr. Ministro da tutela foge a sete pés de falar do futuro da Casa Pia e a drª Catalina pavoneia-se nas revistas, com posturas ridículas e ameaças de contar mais coisas a respeito do famoso processo de pedofilia. Toda a gente espera que venha dizer, por exemplo, porque protegeu tanto determinados "meninos" - como ela lhes chamava - que deixavam os livros à guarda de funcionários e iam para o Parque Eduardo Sétimo.






As imagens que ilustram a entrevista da drª Catalina são a grande revelação; a srª sempre quis dar nas vistas, fazer pose para a fotografia, dar a conhecer a sua estória de "menina pobre", de "cultura operária".






Talvez esteja mesmo a pensar nesta entrevista no começo de uma brilhante carreira como modelo fotográfico ou - quem sabe ? - a musa inspiradora para uma telenovela daquelas que conta as desgraças de uma menina pobrezinha mas tenaz e com capacidade para chegar ao topo. Quem sabe o que significará aquela pose ridícula num dos acessos ao CCB?


Este conjunto de fotografias em que aparece a menina e já senhorinha e também com uma clebridade do PS - não se vá pensar que a cultura operária fez algum estrago na cabeça que até usa lenço... -terá, seguramente, a intenção de despertar a imaginação de um escrevinhador de telenovelas.




Terá, todavia, que ser na TVI, porque, ao dar a entrevista ao "Sol", queimou a possibilidade de se ver na SIC e não acredito que, apesar de tudo, de todas as cópias do modelo da América do Sul que a RTP tem vindo a fazer faça passar uma telenovela com, por exemplo o título "Catalina, a Grande".

domingo, outubro 07, 2007

PENSAR MELHOR

Achei bem que o primeiro ministro tivesse entendido explicar a premência na construção de novas barragens. Espero que ele não se sinta constrangido em recuperar a que Guterres mandou para o lixo, para poupar as gravuras razoavelmente milenárias.
Li qualquer coisa sobre a falência do projecto cultural e turístico. Quero crer que a barragem, ela, podia ter apoiado com vantagem o fenómeno, conservando as gravuras, sem as afundar. E teria sido mais útil para o País, fosse qual fosse o sucesso da exposição das gravuras.Os primeiros-ministros podem dar-se ao luxo de ser generosos. Podem, claro! Sobretudo quando o dinheiro é do povo. O obscuro jornalista que eu era,por essa altura, criticou a decisão de mandar uma barragem, praticamente pronta, para o lixo. Tanto mais que havia meios para salvaguardar as imagens gravadas na pedra. Prevaleceu a fé de quem mandava. Foi demais, mesmo levando em conta que Guterres era católico assumido!
Não deve ter sido por mór da fé que o governo de então anunciou de seguida um aeroporto para a OTA.O pobre jornalista, acima referido, bramiu contra, claro. Mas ele, recordo,nada tinha contra a Ota, até achava bem. Não queria, e ainda hoje não quer, era o fim do aeroporto da Portela.
Como está,o projecto cheira a papeis rasgados.A decisão de apressar o «Metro» para a Portela não visa melhorar os acessos. Afigura-se mais como meio de valorização de vasta área destinada à especulação imobiliária.
O país não tem necessidadede um imenso aeroporto em parte alguma.O que Lisboa necessita é de dois ou três aeroportos pelas cercanias e da «Portela» bem no centro, onde está. E não estou a dar nenhuma novidade. Imaginem quantos aeroportos rodeiam Londres! E de quantos conta Paris!
Quando o «Charles de Gaulle» abriu, lembro-me, «Orly» deixou de ter voos nocturnos.
Foi isso que «pobre jornalista» lembrou e sugeriu para a «Portela», quando o novo aeroporto de (ou para) Lisboa estivesse pronto, para que os lisboetas pudessem, todos, dormir em paz.
Receio que este país não tenha, de facto, jeito para aeroportos. Quando absorveu o aerodromo de Beja, imaginei que iria alargar-se à volta de Beja uma rede de acessos, mais virada para os lados de Espanha. Haveria por ali mercado para alargar o tráfego aéreo. Beja era bem mais perto do que Madrid. Imaginar,imaginei, mas estava a sonhar...