A Toupeira
Este é um espaço de opinião assente em convicções e de análise baseada em factos, alguns tornados públicos e credíveis, outros de conhecimento restrito, mas cuja credibilidade asseguramos, por razões de natureza ética e deontológica.
quarta-feira, dezembro 05, 2012
FASCISMO ESTÁ DE VOLTA
Os sinais agudizam a previsão: hoje o demitido director de informação da RTP afirmou, "preto no branco" ter sido alvo de um saneamento político, a propósito do visionamento de imagens não editadas e filmadas pelas equipas da televisão do Estado na manifestação de 14 de Novembro.
Nuno dos Santos foi peremptório e justificou a acusação com a alegação de que a orientação editorial que imprimia à informação da RTP criava frequentes incómodos ao Governo, nomeadamente reportagens sobre a existência de uma crescente existência de pessoas em situação de pobreza e - também - a informação produzida sobre a "licenciatura" de Miguel Relvas.
Parece evidente que este processo nada tem de original: primeiro substitui-se a administração por homens de mão, neste caso um administrador de cervejeiras - movimentam-se as peças que internamente garantem alguma confiança e monta-se uma "emboscada", mesmo que muito "sem jeito". O importante é atingir o objectivo. Ingenuamente - porque nunca trabalhou em tempos de fascismo - foi o próprio Nuno Santos que deu o golpe final: pediu a demissão. Foi logo aceite, evidentemente.
E agora? Mesmo que alguma coisa volte atrás, já nada será como dantes. Missão cumprida. A equipa de Relvas ( parte da qual é clandestina) ganhou a primeira batalha.
domingo, dezembro 02, 2012
A última vez que aqui escrevi foi em Novembro de 2011 e ao reler agora o que então escrevi fico espantado. É como se tivesse sido ditado hoje. As desgraças então anunciadas estão a acontecer. Com uma particularidade interessante: os responsáveis estavam já identificados e até a Drª. Isabel Jonet é alvo dessa minha prosa.
Percebo a razão porque estive todo este tempo sem voltar a este blog: é que, por mim, estava tudo visto, incluindo o empobrecimento do país como forma de governar, como a expressão de uma ideeologia que os portugueses - ingénuos - estavam convencidos já terem derrotado. Não! Ela aí está, de novo, a escurecer os nossos sonhos, a empurrar os mais fracos para a reserva, a jogar fora os mais inconformados, a destruir o que levou tanto tempo a construir.
Sei que depois de tanto tempo, os leitores desapareceram. Vou tentar recuperar e estar aqui mais vezes. A quem chegar, procure o meu poste de novembro de 2011.
Um abraço. Estou de volta
Percebo a razão porque estive todo este tempo sem voltar a este blog: é que, por mim, estava tudo visto, incluindo o empobrecimento do país como forma de governar, como a expressão de uma ideeologia que os portugueses - ingénuos - estavam convencidos já terem derrotado. Não! Ela aí está, de novo, a escurecer os nossos sonhos, a empurrar os mais fracos para a reserva, a jogar fora os mais inconformados, a destruir o que levou tanto tempo a construir.
Sei que depois de tanto tempo, os leitores desapareceram. Vou tentar recuperar e estar aqui mais vezes. A quem chegar, procure o meu poste de novembro de 2011.
Um abraço. Estou de volta
domingo, setembro 18, 2011
VIDAS
A ideia é recordar o passado vivido, deixar algo para os que ficam. Recordar e explicar o caminho que percorremos até ao hoje. Cheguei em Janeiro de 35, do Século passado. Tinha uma irmã adorada pelo meu pai. Era ainda bebé quando a perdi. Causou alguma surpresa. Pensou-se que teria sido eu.
Quando dei por mim morava em Queluz, junto à estação de comboios. Numa vila, espécie de aglomerado de casotas térreas. A guerra na Europa estaria prestes a rebentar. Um irmão chegou-me por essa altura, a tempo de já cá estar quando rebentasse, como rebentou, a guerra na Europa.
Voltei a Lisboa com algum atraso, já com 7 anos, para entrar na escola. O meu prof. durante quatro anos ensinou-me a ler, escrever e contar. Era um transmontano convicto, director e morador da escola pública e pai do João Vieira, cujo dito eu só viria a conhecer, anos mais tarde, no café Gelo...
(continua)
domingo, junho 12, 2011
MEMÓRIAS
Pois é! Lembrei~me, um dia destes, quando, ao princípio da noite, um dos
Noticiários televisivos relembrou uma vitória portuguesa na final da Taça dos Campeões Europeus de 1961. Foi isso: o Benfica vencera o Barcelona. Era, lembravam-nos, o primeiro grande triunfo do futebol português. Foi giro, relembrar, pois, mas ninguem se relembrou de explicar que era a sexta edição da Taça europeia. As cinco anteriores haviam sido ganhas pelo Real de Madrid.
É verdade que o Real tinha o Di Stefano, um argentino espanholado, ao qual ajuntou, algum tempo depois, um tal Puskas, fugitivo do seu país, por mór de um levantamento político.
Mas o que eu pretendi trazer foi a ideia de que relembrar o passado faz sentido
com algum equlíbrio. O Benfica ganhou e foi bonito. Mas, senhores meus, nesse mesmo dia, em Setubal, o Eusébio estreou-se, no Benfica, após uma longa disputa. O jovem tinha vindo de Moçambique de autocarro, perdão, no paquete
que fazia a ligação das colónias com a capital da nação. Tinha como destino o Sporting, mas um dos tripulantes achou por bem, à chegada a Lisboa, fechá-lo num camarote do barco e ir ao Benfica, por amor clubístico.
Foi longa a disputa. O treinador dos encarnados sofria de raiva, mas a luta era tremenda entre os, então, poderosos clubes lisboetas. O jovem treinava, lá isso treinava, mas não jogava. ´
No final da época a decisão federativa contemplou o Benfica. E o Eusébio estreou-se justamente na quarta-feira da final da Taça dos Campeões, mas em Setubal, num jogo de reservas.
Eu vi o jogo europeu, numa tasca do Bairro Alto. Vi o Benfica ganhar. Não soube se o Eusébio ganhou ou perdeu o jogo de estreia dele. Na época seguinte
ele ganhou tudo, até a Taça dos Campeões, ao Real de Madrid.
segunda-feira, junho 06, 2011
FORÇA! É Fartar Vilanagem
De um dia para o outro sinto-me noutro mundo, noutro país, com outra gente.
De um dia para o outro adivinho o passado, com mais de sessenta anos, em que ia à escola a pé, ou pendurado nos camions que passavam devagar nas ladeiras... com os mesmos calções, lavados de um dia para o outro, a mesma camisa, sujeita ao mesmo tratamento, de botas - que era preciso descalçar para jogar futebol .
É isso que espera este povo, quando um rapazote, a mando de uma cáfila de abutres presididos pelo chefe de sempre, pede paciência ao povo porque "afinal vai ser ainda pior do que se falou durante a campanha...
Lá se vai o subsídio de desemprego, o apoio à pobreza dos mais velhos, o subsídio de reinserção social. Lá se vão os apoios sociais que, segundo a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, preverteram o Estado Social.
Já agora, sra. dra., acabe-se também com o Banco Alimentar, com a Industria a montante e a juzante da pobreza.
Deixemos o povo pagar pelos seus pecados, um dos quais, segundo Cavaco Silva, é o de não votar. Acabemos com a Escola Pública,( mas antes, atenção! transfiramos as filhas do novo primeiro ministro para um colégio de alta linhagem...)
Não tenho paciência para os "pseudo-jornalistas" da nossa terra, para os políticos-galinha que povoam o galinheiro que começa na Assembleia e acaba nas televisões, mas muito menos ainda para estes industriais da pobreza que reclamam da "fartura".
Vá, meus senhores, tendes tudo do vosso lado: fazei regresar o país aos tempos de Salazar. Talvez assim consigam dormir tranquilos: os pobres no seu lugar, os ricos cada vez mais ricos e umas quantas senhoras a praticarem as" caridadezinhas", tão do agrado dos patriarcas,
Força!
De um dia para o outro adivinho o passado, com mais de sessenta anos, em que ia à escola a pé, ou pendurado nos camions que passavam devagar nas ladeiras... com os mesmos calções, lavados de um dia para o outro, a mesma camisa, sujeita ao mesmo tratamento, de botas - que era preciso descalçar para jogar futebol .
É isso que espera este povo, quando um rapazote, a mando de uma cáfila de abutres presididos pelo chefe de sempre, pede paciência ao povo porque "afinal vai ser ainda pior do que se falou durante a campanha...
Lá se vai o subsídio de desemprego, o apoio à pobreza dos mais velhos, o subsídio de reinserção social. Lá se vão os apoios sociais que, segundo a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, preverteram o Estado Social.
Já agora, sra. dra., acabe-se também com o Banco Alimentar, com a Industria a montante e a juzante da pobreza.
Deixemos o povo pagar pelos seus pecados, um dos quais, segundo Cavaco Silva, é o de não votar. Acabemos com a Escola Pública,( mas antes, atenção! transfiramos as filhas do novo primeiro ministro para um colégio de alta linhagem...)
Não tenho paciência para os "pseudo-jornalistas" da nossa terra, para os políticos-galinha que povoam o galinheiro que começa na Assembleia e acaba nas televisões, mas muito menos ainda para estes industriais da pobreza que reclamam da "fartura".
Vá, meus senhores, tendes tudo do vosso lado: fazei regresar o país aos tempos de Salazar. Talvez assim consigam dormir tranquilos: os pobres no seu lugar, os ricos cada vez mais ricos e umas quantas senhoras a praticarem as" caridadezinhas", tão do agrado dos patriarcas,
Força!
sexta-feira, maio 06, 2011
O Jornalista-Polícia
Os últimos dias têm sido angustiantes. Ao ouvir as rádios, as televisões e ao ler os jornais, percebemos que a nossa gente da comunicação social está toda de joelhos. A alegria com que as desgraças foram sendo noticiadas - quanto pior melhor - foi uma verdadeira tristeza para os que continuam a ter consciência cívica, para os que não se isolaram neste pequeno espaço geográfico e continuam a olhar para o Mundo global em que - quer se queira ou não - existimos.
O culminar da angústia foi a conferência de imprensa dada pela chamada "troika"( três funcionários de instituções internacionais) em que, empurrados pelas perguntas dos jornalistas nacionais, estes três homens, com o ar de quem manda, foram ganhando coragem para fazerem considerações de carácter político acerca do nosso país.
Que nos interessa a opinião destes ficais da União Europeia, do Banco Europeu e do FMI? Por que razão temos que os ouvir. Que leva certos jornalistas a fazer determinadas perguntas? São os porta-vozes daquelas organizações que, com o ar feliz de quem foi fazer queixa ao patrão e fez todas as reivindicações e foi ouvido...?
O pior, todavia, para mim, aconteceu ontem à noite na RTP 1, com o "jornalista"- escritor José Rodrigues dos Santos - o tal que vai às guerras mas fica sempre longe - a fazer uma entrevista ao ministro das finanças. Sei que o homem dá aulas de jornalismo em algumas faculdades. Espero que os alunos dessas aulas não tenham visto a pseudo-entrevista para que não repitam nas suas vidas futuras o que aconteceu: um interrogatório mal-educado, semelhante ao de um polícia disposto a arrancar, de qualquer jeito, uma confissão ao presumível culpado.
Uma verdadeira vergonha, a somar a tantas outras que todos os dias se repetem, trambém na televisão pública, em que se nota uma "fúria" particular contra o actual poder, como que a querer libertar-se da subserviência de ainda há poucos meses...
segunda-feira, maio 02, 2011
Memórias Curtas
Eduardo Catroga apareceu um dia destes a fazer declarações verdadeiramente espantosas: que as novas gerações deveriam levar a Tribunal o actual Governo, que "o fartar vilanagem" de Sócrates foi a desgraça e, nas televisões, para melhor convencimento, ensaiou uma emoção húmida.
Este é o mesmo homem que - seco - foi ministro das finanças de Cavaco Silva entre Dezembro de 1993 e Outubro de 1995, o final do mandato da desgraça, em que o "fartar vilanagem" de Cavaco deu origem a vários gangs de assalto selectivo ao esforço português. Se este Catroga tivesse memória lembrar-se-ia do déficit das "suas" finanças públicas e da destruição de todo o aparelho produtivo nacional levado a cabo pelos dois governos de maioria do seu actual patrão e cujos efeitos se continuam a fazer sentir. É que, senhor economista laureado, nem sequer nos deixaram alternativa.
A haver julgamento seria para ele e muitos outros também.Não lhe fica bem o ar de "pai natal" comovido com as criancinhas que estão a crescer. As gerações que, licenciados por Universidades enxameadas de cursos de papel e lápis com que Cavaco povoou o país, deviam pedir um julgamento sumário aos governos de finais de oitenta e meados de noventa.
Oh! Senhor Catroga! Não se preocupe com os seus netos. Com o seu curriculum, que o exibe sempre encostado ao grande capital, e com a reforma que entretanto fabricou para si próprio vão passar a rir pela crise dos outros.
Só mesmo este homem assustado com a possibilidade de continuar longe do poder me faria voltar agora a este blogue...
Subscrever:
Mensagens (Atom)