sábado, maio 13, 2006

RUMOR E CALÚNIA

É como a água benta: cada qual toma a que quer. Fui de viagem, de carro, até Paris. Até sair não tinha dado pelo escândalo na alta política francesa. A autovia de Salamanca vem vindo até nós com agradável persistência. Já vem até Ciudad Rodrigo. Por isso, cada vez se chega mais cedo a
St. Jean de Luz, para jantar e ficar até à manhã seguinte.
Foi então que comecei entrever os contornos do escândalo político do momento. É uma intriga que deixa Fátima Felgueiras a perder de vista, que faz de Ferreira Torres um pobre de Cristo. Pia mais fino!
Mas nem por isso constitui novidade. De há muito que Chirac vem sendo denunciado por financiamento do partido com fundos públicos, aquando presidente da Câmara de Paris. A condição de presidente da França permite-lhe manter-se à distância, mas não sem que, de vez em quando, tenha de haver carne para canhão. Mais recentemente, em 2000 a Justiça confirmava a «irresponsabilidade penal» de Chirac,a propósito justamente de irregularidades cometidas no município parisiense e condenou Alain Juppé, que acabou por se ver constrangido a emigrar para o Canadá porque a perda de direitos cívicos o inibia de fazer fosse o que fosse em França. Outros, antes deste, tiveram pior sorte mas, menos sérios preferiam fugir a prestar contas. De um deles veio a saber-se que investiu numa «dona Branca», que actuava no Mónaco e que estoirou de repente, deixando o pobre fugitivo em aflições, às quais os seus pares, instalados no poder, fizeram ouvidos de mercador...
Desta feita a intriga é mais insidiosa e sobretudo baixa, que vai fazendo estragos e não se vislumbra bem como vai acabar. Uma lista com nomes sonantes com contas suspeitas num Banco do Luxemburgo foi enviada para os jornais. Gente conotada com a Esquerda e com a
Direita, mas sem personalidades do Partido de Chirac causou perplexidade. Veio a concluir-se que teria sido concebida por encomenda a «alguém» dos «serviços secretos» do Estado para comprometer muitos adversários políticos em geral e Sarkosy, em particular.
MAM - Michèle Alliot-Marie, que tutela a Defesa, era suposta não estar por dentro da maquinação, porque o marido era tido por ser amigo de Sarcosy. Aliás, este Sarkosy é um poço de inimizades. A sua pouco clara relação com a filha de Chirac e o brusco afastamento dela, não favoreceu a ligação amigável entre os dois políticos. O problema, por outro lado, é que ser amigo de Chirac era pior do que ser visita frequente da casa de Mitterand, como Juppé haveria de reconhecer e muitos outros o puderam também avaliar...
Aos poucos muita sordidez chegou à sacrossanta comunicação social, confundindo mais que clarificando. Perante o escândalo , Chirac começou por fazer o que costuma: distanciar-se!
A Villepin deixava-se o papel de vilão. Ninguém acreditou. Ele é, tem sido, o moço de recados. Percebeu-se que rapidamente seria deixado cair. Não funcionou e a crise inchou e a ministra amuou e nuitos dedos apontaram mais para cima. Gerou-se a convicção de que o Presidente não encontrava substituto para Villepin. A precaridade tem limites e eleições a um ano de vista desmotiva qualquer um. Ao mesmo tempo fez-se crer que nem Sarcosy ia aceitar.
Enquanto isso o general da Secreta «descuidava-se» com umas anotações que comprometiam
Chirac, o que significava que Villepin também se podia vitimizar! A par, um ex-colaborador do Presidente aparece com um livro de memórias: «O gendarme de Chirac». Mais um que foi encaminhado por Villepin para um dos advogados de Chirac, que o aconselhou a pôr-se a andar e ir para Marrocos! Não foi e respondeu pelo crime de corrupção. Cumpriu a pena e agora apresenta a factura. Segue-se um juiz a admitir ter sido manipulado por um afim de Villepin.
A oposição, à esquerda e à direita, manifesta-se. A Comunicação Social relata e Chirac queixa-se da ditadura do rumor, da ditadura da calúnia.
Será mais legítima a conjura social? Sonora e maquiavélica?Mas, bem entendido, democrática?...

4 comentários:

Anónimo disse...

Cualquier cosa menos comer en España.......! Unicamente paras el carro para orinar en España, pero no para dejar divisas.....!

Anónimo disse...

E botar peidos.....

Anónimo disse...

Rodericus, Rex Gothorum

Anónimo disse...

Fieles lusitanos