quarta-feira, setembro 28, 2005

MINISTRAR

Ouve-se e pasma-se. Por vezes resmungo uns palavrões entre dentes, que a neta é pequenita e não convém que oiça os desabafos do mais velho. Desta vez não havia criancinha próximo, que já é tempo de escola e desabafei à vontade e tanto que o cão fugiu espavorido!
Era um ministro que eu ouvia pela rádio. Era sobre o que um secretário de Estado, do seu gabinete, dissera a um jornal económico, a propósito de um novo aeroporto para pobretanas, nas redondezas de Lisboa. O que o ministro disse era que o assunto estava a ser estudado e sobre isso o que havia de momento era nada. O «pé de microfone» insistiu que o o secretário de Estado dissera que a escolha ia ser anunciada pelo governo até ao fim ano. O ministro não foi de modas: se ele disse isso, pergunte-lhe a ele!
Por mim acho que vou pôr a questão às avessas: os secretários de estado têm os ministros que merecem! Os aeroportos também. Também merecem os secretários de estado que lhes impingem. No fundo é como os distraídos: merecemos os comentadores da crista, como o que disse, no domingo que os juizes são membros de um orgão de soberania e que por isso não deviam ter sindicato nem fazer greve. Como os deputados e os membros do governo, sublinhou.
Só que, os deputados têm, olá se têm!, sindicato, o mesmo, de resto, que têm os membros do governo: o santo partido, um vero sindicato e dos mais pródigos a arranjar empregos. E os juizes
podem, se quiserem, resolver a questão mudando o nome do organismo que os defenda para Ordem terceira qualquer. Uma Ordem que permita meter na ordem as magistradas mais tolerantes.
Também ouvi um ministro tecer comentários ao sistema de cuidados de saúde dos funcionários da Justiça e à forma como é financiado, através das receitas judiciais e notariais pagas pelos utentes dos serviços, sem o saber, o que, a ser verdade, podia configurar um abuso de autoridade. Mas o que o governo pretende não é libertar o utente que recorre à Justiça desse
pagamento. O que o governo pretende é o taco a reverter para o Estado e o magistrado que vá para a bicha dos hospitais ou vá tratar-se a Cuba...
Vai faltando paciência. Ainda acabo por preferir ouvir o Peseiro, Ao menos este tem sempre razão...

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